terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Diálogos de Drummond

Diálogo com o ser amado

Amor é que se aprende no limite
Depois de arquivar toda ciência
Herdada, ouvida. Amor começa tarde

Diálogo com semelhante

Eu preparo uma canção em
que minha mãe se reconheça
Todas as mães se reconheçam
E que fale como dois olhos

Diálogo com o diferente

João amava Teresa que amava
Raimundo que amava Maria
Que amava Lili 
Que não ama ninguém

Diálogo com om indiferente

E ninguém respondendo
Nenhum gesto de abrir

Diálogo com o oposto

Sou eu não sou eu?
Sou eu ou sou você

Diálogo com o adversário

Sai do cavalo de pau
Para matar seu irmão
Matei, brigamos , morremos

Diálogo com o surdo-mudo

 Está morto que importa?
Inda madruga

Diálogo com o possesso

E tudo que descobri
Amei 
Detestei
Papel

Diálogo com o irracional

Sua cor é sem cor Seu andar de todas as
mulas de Minas,não tem idade.
Um do sempre um do antes
é o leite,cumprindo ordem do pasto.

Diálogo com o vegetal

Rosas
E todas as rimas
Rosas
E o perfume todo.

Diálogo com o mineral

 Britada em milhões de lascas
Deslizando em carreira transportadora
Entupiu 150 vagões.

Diálogo com o inominado

Seu andar, o andar de todas as mulas,
de Minas, não tem idade, vem do sempre

Diálogo consigo mesmo

Quero me casar
Na noite, na rua,
No mar ou no Céu
quero me casar.

Diálogo com a noite

Tanto tempo perdido 
Porém nada dizer.

Diálogo com os astros

A lua gorda apareceu
E clareou o brejo todo
A lua sabe o coro.

Diálogo com os mortos

Porque morreu aquele irmão
Que a pouco brincava no quarto
Sem qualquer signo na testa.

Diálogo com as ideias


Gastei uma hora pensando no verso 
Que a pena não quer escrever


Diálogo com os sonhos

A falta que fazes
Não é tanto q hora de dormi quando dizias.
Deus te abençoe e a noite abria em sonhos.

 
Diálogo com o passado

Este retrato de família
Está um tanto empoeirado
Já não se vê no rosto do pai
Quanto dinheiro ele ganhou

Diálogo com o mais que futuro

Como viver o mundo
Em termo de esperança?
E que palavra é essa?
 Que a vida não alcança.

Escolhe teu diálogo

O beijo é flor
N o canteiro 
O desejo na boca

Escolhe tua melhor palavra

Tanto beijo nascendo
É colhido N a calma do jardim

Escolhe teu melhor silêncio

Está morto quem importa?Inda madruga
E seu rosto nem triste nem risonho
É o rosto antigo o mesmo.
E não enxuga
Suor algum
Na calma do meu sonho.




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